Quem sou eu

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Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil
Ziguezagueando por aí eu troco a pele. Fui pra lua morar!

domingo, 30 de novembro de 2008

É preciso - Lica Verissimo



É preciso
É preciso carinho pra cuidar do afeto.
É preciso telhado pra ter um teto.
É preciso o simples pra entender o complexo.

É preciso um olhar pra se revelar.
É preciso zelar para desfrutar.
É preciso mais de um para somar.

É preciso água para germinar.
É preciso fracassar para um dia ganhar.
É preciso simplificar ao invés de complicar.

É preciso se entregar para realmente amar.
É preciso compreender para não julgar.
É preciso fé para alcançar.

É preciso braço pra abraçar.
É preciso mão pra segurar.
É preciso verdade para confiar.

É preciso gentileza pra cultivar beleza.
É preciso natureza pra construir represas.
É preciso destreza pra evitar tristeza.

É preciso viver para colher.
É preciso entender para compreender.
É preciso não ter olhos pra realmente ver.

Lica Verissimo

sábado, 29 de novembro de 2008

Pelo avesso - Lica Verissimo


Me reciclo.
Me camuflo.
Estava nua
Me visto.
Me viro.

Disfarço as dores
Viro a roupa no avesso pra ninguém notar.
Faço que nem sinto.

Quizera existissem medicamentos que removessem todos os sentidos de ti que em mim ainda insistem.

Lica Verissimo

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Encontro das águas - Lica Verissimo



Onde deságua o rio
Mescla-se o doce e o sal.
Sabor das águas que se esperam.
Lentamente sorvidas pelo mar.
Se alongam
Se espreguiçam
Junto ás margens floridas.

Encontro das águas.
Dos peixes.
Dos seixos.
Das folhas.

Solúveis solventes dissolvem-se em seu tempo certo.
Adormecem.
Se esperam.

Mistura perfeita das águas
Sonhando acordadas
Despertarão as madrugadas dos rios nas enchentes.

Lica Verissimo

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Páginas do coração - Lica Verissimo



Percorremos horizontes até chegar aqui.
De mãos dadas pra não se perder.
Somos mais do que pretendíamos ser.

Azuis
De céus
De oceanos
De teus olhos
Me acolhem em infinito sentido.
Doce e sonoro o som de teu abrigo.

Oásis e sombras refrescantes.
Páginas coloridas pela emoção.
Mão amiga em meus instantes.
Te encontro no coração.

Lica Verissimo

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Bilhete jogado ao mar - Lica Verissimo



Escrevi um bilhete
Coloquei na garrafa
E lancei ao mar.

Navega brumas.
Navega ondas.
Navega espumas e temporais.

O mar trará com as marés.
Aportando na areia
Junto aos teus pés.

O bilhete traduzia:
Naufraguei em alto mar.
Pra chegar então na praia
E te encontrar.

Doce mistério do acaso
Dos mares e das marés

Seguia a estrada das flores.
Bordada sobre as águas,tuas cores
Em algas luminosas a sinalizar.

Farol cintilante
Te encontro nas manhãs.
Sou um simples navegante
Buscando o amanhã.

Lica Verissimo

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Ciclos - Lica Verissimo



Sigo então pela estrada a fora.
Nada mais me causa espanto.
Prantos
Tantos
Não cabem mais.
Procuro acalantos.
Os cantos das manhãs em pássaros passando

Passam por mim
Pacificados em brancas folhas onde descrevo os meus desejos.
Nas linhas das horas.
Nas horas que me esperam ao atravessar as portas

Dos encontros
Nada mais me supre
Além deste tanger o equidistante.

No encontro das entregas
Só elas :
Banquetes passionais e autênticos
Navegam em mim os temporais do tempo

Rumo da bússola dos sobreviventes
Para o encontro
Do finalmente
Onde me vejo morrer novamente.
Ressussitanto então suavemente.

Lica Verissimo

domingo, 23 de novembro de 2008

Carinho - Lica Veríssimo



Um carinho para a super querida Lya.

"Esse Carinho que se tem
É doce gostoso
Cheiro de hortelã
Prazer feito manhãs

Teu sorriso é
Carinho saboroso
Abraço dengoso
Beijinho de esquimó

É sempre bom te encontrar.
A gente vêm e vai embora.
Carinho estrada a fora.
Até o tempo esquece a hora."

Lica Verissimo

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Toque segundo - Lica Verissimo



Toque
A sensação do calor do instante
Aqueça
o instante que toca o sentir

Não esqueça
A sensação do toque e dos instantes:
Vocabulário imortalizado entre os amantes.

Lica Verissimo

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Toque - Lica Verissimo



Toque
A pele
O beijo
A nota musical

Provoque
A nota do beijo na pele.

Lica Verissimo

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Amanhecendo em mim - Lica Verissimo



Amanhecem as cortinas esvoaçantes ao vento
Preguiças que se estendem para além do azul.

Calendário na desordem dos dias
Adormecidos despertam aos poucos.

Cheiro de café é um bom dia.
Chegam com o novo que se amplia.
Ontem eu apenas sobrevivia.

Existe vida em Andrômeda !
Abri as portas para o dia.
Descobri que eu mesma amanhecia.

Lica Verissimo

domingo, 9 de novembro de 2008

Proporções - Lica Verissimo

Fiquei um tempão pensando sobre estas proporções.
Realmente nos fazem refletir .









sábado, 8 de novembro de 2008

A elegância no comportamento - Martha Medeiros



Existe uma coisa difícil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara : a elegância do comportamento. É um dom que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.

É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto.

É uma elegância desobrigada.

É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam. Nas pessoas que escutam. E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca.

É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas.

Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros.

É possível detectá-la em pessoas pontuais.

Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem presenteia fora das datas festivas, é quem cumpre o que promete e, ao receber uma ligação, não recomenda à secretária que pergunte antes quem está falando e só depois manda dizer se está ou não está.

Oferecer flores é sempre elegante.

É elegante não ficar espaçoso demais.

É elegante você fazer algo por alguém e este alguém jamais saber o que você teve que se arrebentar para o fazer...

É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao outro.

É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais.

É elegante retribuir carinho e solidariedade.

É elegante o silêncio, diante de uma rejeição....

Sobrenome, jóias e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.

Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante.

É elegante a gentileza; atitudes gentis falam mais que mil imagens...

Abrir a porta para alguém? É muito elegante.

Dar o lugar para alguém sentar? É muito elegante.

Sorrir, sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma...

Oferecer ajuda? Muito elegante.

Olhar nos olhos ao conversar? Essencialmente elegante.

Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural pela observação, mas tentar imitá-la é improdutivo.

A saída é desenvolver em si mesma a arte de conviver, que independe de status social: é só pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha que "com amigo não tem que ter estas frescuras".

Se os amigos não merecem uma certa cordialidade, os inimigos é que não irão desfrutá-la.

Educação enferruja por falta de uso.

E, detalhe: não é frescura.

Martha Medeiros

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Memórias coloridas - Lica Verissimo

Boomp3.com




As manhãs são azuis e a noite seus brilhos.
A tarde borda poemas no véu da brisa em nosso rosto.
As frutas amadurecem a cada estação.

Existe musica no silêncio
Existe sorriso na tristeza.
Existe chegada na partida .

Existe felicidade se o outro está feliz.
Existe verdade quando se é verdadeiro.
Existe abraço quando os braços são sinceros.

Existir envolve viver.
Viver envolve o tempo.
De tudo vale muito.
Sendo o tempo o que há em nós.

Músculos na despedida são tensão.
Nada parte.
Tudo compõe.
São os mesmos envolvidos na explosão.

A gota cai sem pressa.
Preenche oceanos
E se torna maior .
Retratos coloridos na memória .

Felicidade foi estar com você!
Te levo comigo!
Como um presente.
Como o colorido tecido em nossa história.

- Lica Verissimo -

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Almas perfumadas - Carlos Drummond de Andrade



Tem gente que tem cheiro
de passarinho quando canta,
de sol quando acorda,
de flor quando ri.

Ao lado delas,
a gente se sente no balanço de uma rede
que dança gostoso numa tarde grande,
sem relógio e sem agenda.

Ao lado delas,
a gente se sente comendo pipoca na praça,
lambuzando o queixo de sorvete,
melando os dedos com algodão doce
da cor mais doce que tem pra escolher.
O tempo é outro.
E a vida fica com a cara que ela tem de verdade,
mas que a gente desaprende de ver.

Tem gente que tem cheiro
de colo de Deus,
de banho de mar
quando a água é quente e o céu é azul.

Ao lado delas,
a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis.

Ao lado delas,
a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo,
sonhando a maior tolice do mundo
com o gozo de quem não liga pra isso.

Ao lado delas,
pode ser abril,
mas parece manhã de Natal,
do tempo em que a gente acordava
e encontrava o presente do Papai Noel.

Tem gente que tem cheiro
das estrelas que Deus acendeu no céu
e daquelas que conseguimos acender na Terra.

Ao lado delas,
a gente não acha que o amor é possível,
a gente tem certeza.

Ao lado delas,
a gente se sente visitando um lugar feito de alegria,
recebendo um buquê de carinhos,
abraçando um filhote de urso panda,
tocando com os olhos os olhos da paz.

Ao lado delas,
saboreamos a delícia do toque suave
que sua presença sopra no nosso coração.
Carlos Drummond de Andrade